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É frequente ouvir-se tanto o auto-elogio quanto a crítica ao que foi feito ou dito por esta ou por aquela pessoa. Pena é que a frequência da crítica maldizente e destrutiva aconteça muito mais do que a crítica de aplauso e louvor à palavra bem dita, à acção meritória ou à obra feita bem.
Vem ao caso o que a realidade demonstra nos diversos palcos da vida, desde o mundo da política às páginas da imprensa, às fofocas e programas de má-língua televisiva, com destaque hoje para o que se escreve nos twitter, facebook e blogs de toda a estirpe e mancha.
Em O Recanto das Letras, 2005, Sandra Nasrallah diz-nos a propósito de “Os cães ladram e a caravana passa” que é «Um sábio ditado árabe, (…), diz que não importa o latido dos cães, não importa o barulho que façam, a caravana segue o seu caminho, apesar deles… existe uma estrela a ser seguida, um pensamento a ser preservado, e nada vai impedir que a caravana siga o seu rumo…mesmo que pare por alguns momentos, mesmo que alguns cães se julguem alimentados pegando os restos que caíram durante a passagem, a caravana segue o seu rumo, mais fortalecida, mais coesa, deixando cada vez mais longe o barulho dos cães esfomeados. Uma caravana é feita de gestos, de sonhos, de atitudes, de longas vivências, de cumplicidades, de sentimentos fortes, de amizade, de amor e de desejos. Ela segue o seu caminho, totalmente indiferente ao ganido de cães enlouquecidos, atrás de alguma cadela no cio…»
Às palavras de Boa-Nova de Jesus de Nazaré e perante tamanha sabedoria, os galileus farisaicos e hipócritas, julgados de per si donos da terra, do poder e da verdade, responderam com desconfiança, impropérios e atitudes tais que levaram o ‘filho’ do carpinteiro de Nazaré a dizer: “um profeta só é desprezado na sua pátria e em sua casa.” (S. Mateus,13,57)
Se coisas malditas há neste mundo são elas a inveja, a cobiça e a vanglória, tantas vezes resultado apenas duma absoluta falta de alicerces e de pilares personalizadores da criatura mas sobretudo sendo expressão duma lodosa moral ou da ausência dela, a moral assente nos bons valores da sociedade justa, equitativa e de bons costumes nas relações interpessoais estabelecidas no respeito das diferenças e nos valores da justiça, da gratidão, do mérito, da paz, da concórdia e da harmonia sociais.
Bonito de ver é o sentimento de humildade, o gosto de aprender, a nobreza de não subir o chinelo ao nível da polaina nem o sapateiro ousar tocar rabecão sem antes ter conhecido o instrumento e ou aprendido a arte. Cito, a propósito, o distinto e agraciado pensador maior da cultura portuguesa, o beirão Eduardo Lourenço: «somos um povo de pobres com mentalidade de ricos» (O Labirinto da Saudade, 1988, pp.127); e retomando o plano da comunicação social no que tem de pior pela mediocridade na má-língua e escrita de má qualidade, tanto nos jornais como na internet, recorro também a Eduardo Lourenço: «Em princípio, todo o português que sabe ler e escrever se acha apto para tudo, e o que é mais espantoso é que ninguém se espante com isso.»(id., pp132)
Proença-a-Nova, 7 de Abril de 2013