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CRÓNICAS DA CONDIÇÃO HUMANA – LXXXIV Alfredo Bernardo Serra O HOMEM e a NATUREZA É da natureza humana a necessidade telúrica, ou seja, o Homem de barro [corpo constituído por minerais de todo o tipo (ferro, cálcio, fósforo, magnésio, …) e água na sua maioria cerca de ¾ da matéria corporal] tem necessidade de mexer a terra (lembra-te, homem, de que és pó e ao pó tornarás), de contactar com a natureza. De tal modo é a ligação do Homem à Terra que desde os tempos remotos a cura de certas doenças era procurada e desenvolvida em espaços integrados na natureza, em casas-hospitais envolvidos por árvores e arbustos, nomeadamente na área da psiquiatria. Hoje recorre-se a terapias por contacto com animais (hipoterapia), afago deste ou daquele animal como meio de acalmia de stress, agitação interior da pessoa, bem como os benefícios das águas termais. É extraordinário o que a história das civilizações nos ensina acerca do respeito dos povos pela Natureza. Ensina o velho chefe índio na maior das linguagens simples que «herdamos a Terra que deixamos aos nossos filhos», pelo que não sendo nossa a devemos preservar, cuidar dela para a entregarmos melhor do que a encontrámos. Está todo este pensamento em linha fiel com a Criação divina. Deus criou o Mundo e viu que tudo era bom. Depois no vértice da sua criação (…) criou o homem e a mulher e confiou-lhes “a responsabilidade sobre toda a criação, a tarefa de tutelar a harmonia e o desenvolvimento” (Compêndio da Doutrina Social da Igreja,-CDSI, 1ªed., 2005, principia, 451).Ensina-nos a Igreja Católica que o ambiente é um bem colectivo e como tal deve ser cuidado com um sentido de responsabilidade comum. É doutrina social da Igreja Católica, por exemplo, que “todos, indivíduos e sujeitos institucionais, devem sentir-se comprometidos a proteger o património florestal e, onde necessário, a promover adequados programa de reflorestamento” (CDSI, 466). Por sinal, é assunto na ordem do dia a preservação do ambiente em múltiplos teatros da sociedade, a defesa ambiental é hoje preocupação crescente de cidadania consciente, de política responsável, de educação social por uma relação saudável com o Ambiente na Terra, enfim, elo menos Organizações de dimensão mundial como a ONU manifestam intenções de cuidados para com a natureza. Todos os anos o dia cinco de junho é assinalado como Dia Mundial do Ambiente. E no entanto os atentados ambientais, o flagelo dos incêndios florestais, as lixeiras a céu aberto e os esgotos vazados nas águas de rios, lagos e mares são uma triste e vergonhosa realidade. Apesar de desde há muito se proclamar o ‘direito à pureza do ambiente’: «Trata-se do problema ecológico, da necessidade de preservar a terra, o ar e a água da poluição com que é ameaçada. É triste pensar que no futuro o leite pode ser envenenado porque as vacas pastam em prados poluídos, que os peixes podem ser prejudiciais por habitarem águas inquinadas (infelizmente a maior parte morre antes da pesca), que teremos de usar máscaras de gás devido à atmosfera poluída. Outra forma de poluição do nosso tempo é a sonora: vivemos no ruído que nos causa stress e doenças. Que os homens saibam evitar degradação maior do meio ambiente, que saibam colocar a pureza da Natureza acima dos vis interesses do dinheiro. Pior ainda é a poluição radioactiva que podem provocar as centrais de energia nuclear. A maior energia é a saúde” (in É preciso renascer -pastoral juvenil, 1981, J.H.Barros de Oliveira, 231) Com a graça de Deus, fez o Papa Francisco publicar a encíclica Laudato (Louvado sejas) que fala de ecologia e do cuidado pelo ambiente em todas as suas dimensões: - o desperdício de recursos e a poluição das águas, assuntos sociais, como o aborto e o tráfico de pessoas, e assuntos económicos. Alguém dizia a propósito que o Papa Francisco agitou toda a gente nas cadeiras do Poder, políticos e empresários multinacionais e muitos outros que sentiram a pedrada no charco das suas consciências pelos atentados à mãe-natureza. Com Laudato, somos convocados pelo Papa Francisco a uma conversão ecológica mas também a uma mudança de paradigma social, nomeadamente desafiados a uma cultura e vivência humana de relação entre o grito da Terra e o grito dos pobres: "Muitas vezes falta uma consciência clara dos problemas que afectam particularmente os excluídos. Estes são a maioria do planeta, milhares de milhões de pessoas (…) hoje, não podemos deixar de reconhecer que uma verdadeira abordagem ecológica sempre se torna uma abordagem social, que deve integrar a justiça nos debates sobre o meio ambiente, para ouvir tanto o grito da terra como o grito dos pobres." Proença-a-Nova, 21 de junho de 2015