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CRÓNICAS DA CONDIÇÃO HUMANA – CXI
Perigosa abstenção
É da condição humana ser gregário e neste sentido assumir-se responsável pela natureza e participante na dinâmica grupal. Todavia, na mesma condição humana emerge tanto a sociabilidade quanto o isolamento social, consequente este da personalidade do indivíduo, causado por factores sociais inibidores os desfavoráveis à integração e bem-estar do indivíduo no grupo/sociedade.
É hoje recorrente o apelo à participação do indivíduo na sociedade. Propala-se a participação activa e a proactividade em função do desenvolvimento social. Promovem-se medidas para a inclusão social, a pretexto da igualdade e do direito à diferença. No entanto, ao nível de pequenos e de grandes grupos, do nível duma pequeníssima estrutura ao grande grupo que é a sociedade dum País, as práticas grupais tendem ao enfeudamento, a palavra válida é a do líder do grupo, não obstante os debates, fóruns de discussão… em suposta democracia. No preenchimento de lugares de chefia e funcionais na gestão da coisa pública tudo é objecto de “concurso público”, dizem, a bem da transparência e da competência. Porém, parece que por esse mundo fora são mais que muitas as ligações de “admitidos” a gente da alta governança e outros poderes intermédios quase sempre na esfera da política e afins.
Certo é esta virulência político-social atacar de igual modo espectros sociais no plano partidário, desportivo, do cançonetismo, na banca e alta finança, etc. Olhemos ainda para o que acontece na horda de listas eleitorais. Neste campo, tome-se por referência a batalha falante que desce ao maias baixo nível, recuperemos em memória a quantidade de políticos governantes nacionais e autárquicos suspeitos, acusados e alguns julgados por corrupção, suborno, peculato e crimes outros cometidos no governo do erário público.
Decorre disto tudo o isolamento das pessoas honestas, mais capazes e livres no pensamento. Afastam-se do lodaçal as pessoas de bem, sérias, justas e competentes, porque não querem ver o seu nome manchado na sujeira moral, não desejam correr qualquer risco de destruição do carácter, porque é vexante a competência fundada no conhecimento e no saber-fazer estar submetida aos ditames políticos de quem porventura não é capaz nem de governar a sua própria casa, e não olha a meios para atingir os fins.
É assim, por estas e por outras, que a abstenção vai grassando um pouco por todos os cantos deste Planeta Terra. Os homens e mulheres que nem sequer vão votar é já em muitas eleições superior ao número de eleitores que efectivamente assumem no dever de votar o direito a participar na escolha dos decisores e governantes da coisa pública.
Contudo, não pode a abstenção dar lugar ao poder continuado duma minoria só porque é a expressão votante. É tempo de substituir a abstenção pela presença nos actos públicos, a participação naquilo que é de direito individual e colectivo, como a designação de quem governa o que é de todos. Mas também cada um expresse a sua opinião e pela intervenção contribua para que tudo seja conforme à boa moral social, ajustado à tradição e cultura do Povo, no respeito pelos interesses da maioria qualificada sem prejuízo das diferenças naturais imanentes à condição humana.
Proença-a-Nova, 20 de Setembro de 2017